Estive impossibilitado de usar o Gmail decentemente durante esses dias - infelizmente, é um problema ainda sem solução, mas não é o assunto desse texto. Poderia aproveitar essa situação como uma oportunidade de ficar um pouco mais desconectado das coisas que acontecem no nosso digi-mundo. Porém, optei por contornar esse problema utilizando um velho conhecido cliente de email: Yahoo.
Nunca deixei de usar o Yahoo. Esse era o meu cliente de email favorito antes da chegada do Google para essa área. Mantive a conta ativada como backup, pois o Gmail, por melhor que fosse, nunca deixou de ser Beta e sabe-se Deus o que pode acontecer com ele no futuro. Voltei ao Yahoo Mail. Estava utilizado a versão nova, muito bonita, mas muito complicada. Ficou excessivamente parecido com o Outlook, mas não sentia que respondesse da maneira como esperava. Propaganda lateral aparecendo o tempo todo, abas pululando. Não aguentei, larguei o duvidoso para voltar ao que me era certo: o Yahoo Mail Classic.
Que alegria. Era como se reencontrasse uma ex-namorada cujo fim da relação nunca foi devidamente explicada e esclarecida. Tudo acontecia naturalmente e comecei a me perguntar se o Gmail era realmente tão melhor assim que o Yahoo Mail. E, exatamente como uma ex-namorada, demonstrava qualidades que ninguém mais tem, por exemplo, a possibilidade de escolher quais contatos adicionar após enviar um email, busca de anexos e fotos, além de uma página de login muito mais agradável aos olhos e convidativa. Ao mesmo tempo, o serviço mostrava suas antigas manias que , em princípio, não pareciam incomodar tanto. Para quê uma página inteira apenas para avisar que a mensagem foi enviada com sucesso? Por que o botão "Excluir" à esquerda do botão "Enviar"?
No entanto, esses motivos são triviais, afinal, todos têm defeitos. Comecei a me sentir bastante incomodado com outra coisa que não me lembrava de existir nos nossos tempos juntos: excesso de propaganda. Um enorme banner quadrado me oferecendo um emprego. Outros banners menores me oferecendo um namoro. Insistentemente. Mas eu já tenho um emprego e ando muitíssimo bem acompanhado, obrigado. Que falta de relevância é essa? Além disso, fico sabendo, sem ter perguntado, que os termos mais buscados do Yahoo se referem ao Big Brother e imposto de renda. Em menos quantidade, mas em igual irrelevância, posso saber o clima da cidade onde moro e onde encontrar o preço mais baixo para qualquer produto. Talvez isso não me incomodasse tanto se essas propagandas tivessem o seu espaço definido que não se misturasse com as minhas atividades diárias de envio e recebimento de mensagens. Mas não, essa ex-namorada, ou melhor, o webmail do Yahoo se tornou um macacão de fórmula 1.
(um momento para o escanteio do São Paulo).
Não posso afirmar sinceramente que estou tranquilo em relação aos links patrocinados do Gmail. A idéia de que minhas mensagens são lidas uma por uma - mesmo que por uma máquina - é bastante intrusiva. No entanto, ao perceber que um email do Yahoo enviado por mim tem, no seu rodapé, um link para abrir conta no Yahoo, percebo que o Google - mesmo sendo farinha do mesmo saco - sabe que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Mensagens e propaganda não se misturam. Pelo menos, não na interface com o usuário. E descobri recentemente que os links patrocinados não aparecem caso esteja visualizando o Gmail no modo HTML (o que resolveu temporariamente meu problema inicial).
Cabe aqui uma pergunta: será que o Yahoo Mail mudou ou fui eu? Creio que a resposta mais segura seria a segunda opção. Afinal, fui uma opção racional minha migrar para outro serviço gratuito. Voltar atrás me pareceu exatamente isso: voltar atrás. Trata-se de uma clara demonstração de que tudo precisa evoluir e essa evolução necessariamente parte do amadurecimento da percepção sobre o que é mais importante para cada um de nós. E, para mim, o importante é uma comunicação sem ruídos e - principalmente - me relacionar com pessoas e não com sites.
(Meu time acabou de perder o jogo o que pode ter contribuído para o tom melancólico do texto).
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